A criação desta Secretaria de Estado [do Empreendedorismo Competitividade e da Inovação] no seio do Ministério da Economia tem um importante significado político, num País que tende a privilegiar o que existe e a desconfiar do que é novo. Para criar um novo dinamismo económico, Portugal tem de facilitar o acesso a financiamento a novas iniciativas empresariais, criar um ambiente atractivo para capital de risco, levar os bancos a financiar novamente as PME e insistir que uma fatia muito maior do orçamento de compras públicas portuguesas seja alocada a novas empresas inovadoras, como se faz há décadas nos EUA (de que resulta a criação de 2,000 novos produtos/ano).Portugal só pode criar um novo modelo económico se a sociedade valorizar a função empreendedora como vital. Isso implica uma política económica, assente no apoio à emergência e expansão de jovens empresas inovadoras e de elevado crescimento. Estas empresas são consideradas motor de crescimento que pode levar a mudanças estruturais na economia. São marcantes nas economias emergentes e são uma das razões do seu sucesso, particularmente nos sectores mais intensivos em conhecimento. A emergência de novas empresas inovadoras de crescimento rápido é fundamental na transição para sectores mais intensivos em conhecimento e sinal de dinamismo da actividade empresarial. Em última instância, só a emergência de uma vaga deste tipo de empresas permitirá vislumbrar que algo de verdadeiramente novo e estrutural se passa na economia portuguesa.O financiamento de novos projectos e empresas, assim como o seu desenvolvimento e internacionalização, é deveras limitado em Portugal. A par da limitação na oferta de capital de risco e da indisponibilidade dos mercados de capitais, prevalecem as práticas de concessão de crédito com base em critérios fundamentalmente de solidez patrimonial, o que necessariamente circunscreve o universo das empresas inovadoras com capacidade de mobilização de recursos financeiros adequados às suas necessidades de crescimento. Apesar de tudo, considerando o reduzido montante de investimento requerido para o arranque das empresas e para a fase inicial de desenvolvimento da tecnologia, o recurso a programas de incentivos suportados em fundos comunitários, e nalguns casos ao capital de risco, têm permitido uma dinâmica empresarial interessante junto das principais instituições do sistema científico e tecnológico. No entanto, os condicionalismos financeiros acabam por se revelar absolutamente fatais quando se trata de elevar a escala dos investimentos. A reserva manifestada pelos operadores de capital de risco, sustentada na ausência de um número significativo de projectos inovadores que tenham alcançado grande valorização, a reduzida dimensão das carteiras e a falta de especialização sectorial, torna fundamental criar um quadro que favoreça lógicas de co-investimento com venture capitalists e corporate investors internacionais em empresas tecnológicas portuguesas, pelos efeitos que tal induz em termos de acesso a novos mercados, melhoria de gestão, atracção de talento e reputação”.
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