quarta-feira, 25 de junho de 2008

Diz-me o que lês.....


Vale mesmo a pena fazer uma pausa para ler este magnifico texto, ou melhor para ler todo o livro. É por estas que Joseph Ratzinger é um dos pensadores da contemporaneidade. H. obrigada pelo e-mail.

Aqui aparece claramente o núcleo de toda a tentação: remover Deus, o Qual, face a tudo o que na nossa vida se apresenta mais urgente, parece secundário, se não mesmo supérfluo e incómodo.
Pôr ordem no mundo sozinhos, sem Deus, contar apenas com as nossas próprias capacidades, reconhecer como verdadeiras apenas as realidades políticas e materiais e deixar de lado de Deus como uma ilusão, tal é a tentação que de múltiplas formas nos ameaça.
Faz parte da natureza da tentação a sua aparência moral: não nos convida directamente a realizar o mal, seria demasiado grosseiro. Finge que indica o melhor: abandonar finalmente as ilusões e empregar eficazmente as nossas forças para melhorar o mundo.
Além disso, apresenta-se com a pretensão do verdadeiro realismo. O real é o que se constata: poder e pão. Comparadas com isso as coisas de Deus aparecem irreais, um mundo secundário de que verdadeiramente não há necessidade.
Em jogo está Deus: é verdade ou não que Ele é o real, a própria realidade? Ele é o Bem, ou devemos nós mesmos inventar o que é bem?
A questão de Deus é a questão fundamental, que nos leva à encruzilhada da existência humana.
O que é que o Salvador do mundo deve ou não fazer? Tal é a questão subjacente às tentações de Jesus.

SS Bento XVI - Jesus de Nazaré, p. 62

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