quinta-feira, 8 de maio de 2008

Visita do Papa aos EUA - Aura Miguel




Ontem tive a oportunidade de ouvir falar sobre a viagem do Papa aos EUA, mas pela jornalista portuguesa que para alem ser uma vaticanista acompanhou Sua Santidade. O ambiente era privado o que proporcionou uma conversa mais casual. Parece incrível ainda não ter escrito nada no blog sobre este momento, mas vejo aqui a oportunidade.
A viagem do Papa aos EUA foi fabulosa e produtiva, não se podia esperar mais de Bento XVI. Na America do norte, a Igreja é pequena e sofre alguns problemas. Ao ter enfrentado a questão do grave problema de pedofilia, como um forcado enfrenta um toiro, ou mais corajosamente, reaproximou-se com os fies.
Sem ter chegado ao solo americano os jornalistas já atacavam o Papa, com a 1ª pergunta feita no avião, sobre estes terríveis casos, ainda por cima a pedido que falasse em inglês (a língua pode sempre a atraiçoar), a resposta do Papa foi magnifica e pragmática, o que desfez todos os jornalistas com necessidades de mediatismo:

P. - Santo Padre, faço a pergunta em inglês, se me é permitido, e talvez, se for possível, se pudéssemos ouvir uma frase, uma palavra em inglês, ficaríamos muito gratos. A pergunta: a Igreja que encontrará nos Estados Unidos é uma Igreja grande, uma Igreja vivaz, mas também uma Igreja que sofre, num certo sentido, sobretudo por causa da recente crise devida aos abusos sexuais. O povo americano espera uma sua palavra, uma sua mensagem sobre a crise. Qual será a sua mensagem para esta Igreja que sofre?

R. – É um grande sofrimento para a Igreja nos Estados Unidos e para a Igreja em geral, e para mim pessoalmente, o facto de que tudo isto tenha acontecido. Quando leio os relatórios destes acontecimentos, tenho dificuldade de compreender como foi possível que alguns sacerdotes tenham podido falhar deste modo na missão de levar alívio, de levar o amor de Deus a estas crianças. Sinto-me mortificado e faremos o possível para garantir que isto não se repita no futuro. Penso que deveríamos agir a três níveis: o primeiro é o da justiça e o político. Neste momento não desejo falar da homossexualidade: este é outro problema. Excluiremos rigorosamente os pedófilos do ministério sagrado: é absolutamente incompatível e quem é realmente culpado de ser pedófilo não pode ser sacerdote. Eis, a este primeiro nível podemos fazer justiça e ajudar as vítimas, que estão profundamente provadas. E estes são os dois aspectos da justiça: um é que os pedófilos não podem ser sacerdotes e o outro é ajudar as vítimas de todas as formas possíveis. Depois, há o nível pastoral. As vítimas terão necessidade de se curar, de ajuda, assistência e reconciliação. Este é um grande compromisso pastoral e sei que os Bispos e os sacerdotes e todos os católicos nos Estados Unidos farão o possível para ajudar, assistir, curar. Fizemos inspecções nos seminários e faremos o que é possível para que os seminaristas recebam uma profunda formação espiritual, humana e intelectual. Só pessoas sadias poderão ser admitidas ao sacerdócio e só pessoas com uma profunda vida pessoal em Cristo e que tenham também uma profunda vida sacramental. Sei que os Bispos e os reitores dos seminários farão o possível para exercer um discernimento muito, muito severo, pois é mais importante ter bons sacerdotes do que ter muitos. Este é o nosso terceiro ponto, e contamos poder fazer, ter feito e fazer no futuro tudo o que estiver ao nosso alcance para sarar estas feridas.

Os jornalistas bem quiseram buscar constantemente a triste história, mas quando se deu por isso era o Papa que constantemente falava e pedia um reaproximar, chagando mesmo a encontrar-se com as vitimas.
Os discursos papais foram magníficos, falou-se na necessidade de uma sã laicidade, um conceito de laicidade positiva e o valor publico da religião, o Papa chegou mesmo a citar Tocqueville. Disse que era essencial para a base de uma sociedade a moral (talvez um pouco ao estilo do liberalismo à inglesa).
Esta viagem foi proporcionada pelo convite de Ban Ki-Moon, pelos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.H.). No seu discurso na ONU, o Papa falou na união pelo discurso inter-religioso, quanto mais a pessoa se converte mais consegue chegar a paz e é se muito mais livre e é se muito mais eficaz, a necessidade de salvaguardar os D.H. que são inegociável e superiores aos legisladores. Que a secularização jacobina do Estado e o Estado ser confessionário de uma religião não deixa de ter o mesmo autoritarismo (brilhante comparação), defendendo que a Igreja contribui para a construção da vida Humana (a dignidade humana que está transcrita nos D.H. não deixa de o ser na sua essência de origem cristã)
O Encontro na Sinagoga em NY foi transcrever o seu discurso da ONU, NY é uma das maiores comunidades judaicas, não deixa de ser interessante o dualismo de um Papa Alemão (que esteve preso durante a 2ºGM) e um Judeu que esteve em Auschwitz. Foi um momento de amizade e de inter-religiosidade.
Por fim outro momento arrepiante, foi a visita ao ground zero na hora exacta dos ataques, foi profundamente arrepiante, o Bento XVI professa somente uma oração que não deixa de ser poderosa.
Esta viagem foi importante para a Igreja como para o mundo, todos os momentos foram essenciais, assim como um jornalista da tv americana, conhecido pela sua inimizade com a Igreja, convidado para comentar o discurso do Papa, ter dito "isto não é o que eu estava a espera, o que o Papa está a falar só pode ser ouvido e não comentado".
Aqui fica não para ouvir mas para ler:








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