quarta-feira, 27 de julho de 2011

Diário das minhas aulas de condução: Dia I

Terça-feira dia 26 de Julho de 2011
Angra do Heroísmo
Na 2f o senhor Manuel, homem com muita pinta andou na guerra de Angola e tem a palavra Amor escrito na mão direita, dono da minha escola de condução ligou-me com a feliz noticia que a minha licença, finalmente, estava pronta e que desta forma já podia começar as aulas de condução apesar de ainda não ter o código. Fiquei mesmo contente, devo dizer que a minha vontade de conduzir era maior que o medo.
3f acordei cedo, fui à Missa de manhã a única Missa que é celebrada de manhã em toda a cidade, na Igreja da Sé a minha mãe foi lá ter no final, convidou-me para me oferecer um grande pequeno almoço, numa pastelaria que gosto muito, sumo de laranja natural, meia de leite, folhado de queijo e fiambre, ainda li o jornal , mas depois como não queria deixar o senhor Júlio, o meu instrutor, à espera, lá fui.
Até ao local combinado rezei uma pagela ao Beato Papa João Paulo II, cheguei com pontualidade, lá estava o Volkawagen verde aquele verde incomparável, já o tinha visto passar na rua da Sé. Entrei no carro e apresentei-me ao senhor Júlio, um homem bem mais velho que o meu pai e um pouco mais novo que o meu avô, fiquei a conhece-lo bem, pois não se cala, fala do seu trabalho, da sua vida etc.. é de São Jorge, mas considera-se mais terceirence pois está nesta ilha à mais de 40 anos, só que o sotaque não engana, é jorgense, está inquieto para se reformar e só trabalha de manhã porque à tarde, com o sol, faz muito calor (onde é que eu já ouvi isto?)!
Antes de começar a guiar achei por bem pelo dia, declarar patronos da minha condução os pais da Nossa Senhora, São Joaquim e Sant' Ana, na verdade até é apropriado, na minha casa os país e os avós ficam sempre preocupados com os transportes dos filhos e dos netos. Isto tudo vinha-me à cabeça enquanto o senhor Júlio falava, falava e falava.
Comecei a conduzir, à frente do meu antigo liceu, Escola Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, logo de inicio troquei o travão com o acelerador, caso para dizer bela cena, não sei se dos nervos ou da minha dislexia, onde fica a esquerda e a direita? mas como nada é por acaso, não havia carros à frente.
As minhas mãos pareciam que estavam coladas ao volante, mas depois lá consegui deslizar com o Volkswagen verde piroso, dei uma volta até ao Porto Judeu, Ribeirinha, e se via um camião em sentido contrário entrava numa espécie de pânico controlado, dei tanto valor a quem conduz! Mas como diz um desses santos fundadores modernos: que é preciso é de ser audazes.
No final, com um litro de agua entre as minhas costas e o assento, parei o carro no mesmo lugar de onde tinha partido, enquanto o senhor Júlio falava, claro, mas quando tirei a chave do carro o senhor Júlio exclama em tom de conclusão:
-Seja pelas alminhas!
eu respondi-lhe do:
-Purgatório. Até amanhã ás 8h da manhã!

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